Em 2012, aos 32 anos, me vejo como uma pessoa que tem tudo o que me venderam como realização para a vida de uma mulher adulta (sou casada, sou mãe, tenho apartamento próprio, carro próprio, tenho uma profissão, sou formada e pós-graduada em fonoaudiologia e tenho meu próprio consultório com excelente remuneração pro meu padrão de vida). Tenho tudo, menos vida e entro em um profundo processo de depressão.
Dando os primeiros passos para sair dessa situação, sem saber muito bem o que acontece, caminho em direção ao meu ser me inscrevendo em um curso de teatro onde participo de uma atividade que me coloca diante do maravilhoso documentário de 30 anos do Grupo Galpão. Nesse momento, me reconheço na vida nômade de um maravilhoso grupo de artistas de teatro e choro feito criança, pois considero que jamais alcançaria essa possibilidade em minha vida. A ideia me consome, o medo também, ainda assim, sigo com a vida ou ela mesma segue sozinha. Me formo atriz, cantora e escritora, termino meu casamento de 11 anos, abandono meu consultório e a minha profissão. Me vejo artista, multiartista, embarco em um novo relacionamento, tomo pra mim a minha arte e a minha essência e me fortaleço como produtora cultural até descobrir, na existência de uma pandemia, que não haverá mais palco pra me dar vida. Preciso me reinventar, morro de novo, sofro de novo, caio de novo, perco o brilho dos meus olhos, levanto mais uma vez. Desenvolvo dois clubes de escrita, um pra mulheres e um pra adolescentes. Preciso me reafirmar e me alimentar. Realimento meu sonho nômade ao receber 5 alunas adolescentes que vivem com suas famílias viajando em motorhomes. O relacionamento de quase 4 anos acaba, caio mais uma vez, caio fundo, mas agora eu já sei como subir de volta. Me agarrando ainda mais à escrita, me levanto de novo e sigo.
Hoje, estou aqui, vivendo e sustentando a mim, à minha casa, ao meu filho e à minha essência com a minha arte, a arte de ser quem eu sou, a arte de escrever com as minhas próprias mãos a minha própria história de ser mulher e mãe; a arte de viver da minha singularidade, que me faz única e múltipla, mas que principalmente, me faz ser gente e me faz ser viva. Os meios pra chegar aqui? O amor e o apoio de seres humanos incríveis que cruzaram os meus caminhos enquanto eu caminhava.
Bora curtir a caminhada comigo? Histórias, textos, imagens, fotografias, emoção, alegrias , lágrimas, tristezas, euforia, ansiedade, amor... Puro supra sumo da experiência viver.
É só mirar no sol e ir!
Cartinhas da Pri é um trabalho autoral definido como uma verdadeira Colcha de Retalhos. Atravessada por minhas questões e meus papeis de mulher, mãe, esquerdista, carioca, flamenguista, filha, neta, irmã, amiga e outros tantos, decidi reunir por aqui o que penso, sinto e faço, além de contar pra você como a Escrita tem o enorme potencial de me salvar de minha escuridão particular provocada pelos transtornos da ansiedade.
Se você gostou do que leu e quiser recomendar, compartilhe.
Se recebeu de alguém e gostou tanto que quer acompanhar os próximos textos, se inscreva nas Cartinhas da Pri.
Caso queira apoiar minha escrita e meu trabalho, basta escolher entre as opções assinatura mensal (R$15), assinatura anual (R$100), ou fazer um pix de qualquer valor pela chave 21994428465.
Mas, caso essa não seja a sua praia, logo ali embaixo tem a opção de cancelar os próximos envios. Fique à vontade pra ir e pra voltar quando quiser. Sempre cabe mais um retalho na minha enorme colcha.
Se quiser continuar a conversa sobre esse texto, basta responder a esse e-mail. Estarei aguardando.
Com carinho,
Priscila Mayer.