F*d@-se a Bebel!!!
Quando me sinto à toa e com a cabeça fervilhando, escrevo!
Com o intuito de me sentir mais organizada e de concentrar todos os meus textos em um único lugar, estou retomando a postagem de textos já publicados em outras plataformas. A ideia é que estes textos antigos sigam, daqui por diante, 1 vez por semana, mas quem está habituado a “me ler”, sabe que não sou muito boa em firmar esses compromissos e, por isso, textos novos seguirão na medida da vontade (e da escrita) como sempre foram…
Por uma bobeira qualquer, não anotei as datas de escrita nem de publicação, mas isso é só um mero detalhe (será? Espero!). Em todo caso, algo me diz que esse texto é de julho de 2022.
Com todo o meu Amor,
Priscila.
F*d@-se a Bebel!!!
Desde que me mudei pro meio do mato, como dizem os meus pais, percebo que também tem mudado a minha forma de ver o mundo, o ser humano e o seu comportamento. Nem sempre vejo coisas legais...
Gabriel, meu filho, está vindo amanhã (sábado), do Rio de Janeiro pra passar as férias escolares comigo em Cavalcante (Chapada dos Veadeiros - GO). A trabalheira e a dinheirama pra fazê-lo chegar aqui nessa época de alta temporada com a intenção de que eu possa desfrutar da sua companhia por somente 2 semanas foi tanta, que só o amor mesmo poderá ser capaz de pagar.
Para ir do Rio de Janeiro pra Cavalcante o caminho é esse: chegar em Brasília (por céu ou por terra) + 4h de transporte rodoviário até Cavalcante... Só que nada disso é assim tão simples. Gabriel tem somente 12 anos (isso tudo, meu Deus! Socorro!) e não pode viajar de ônibus por mais de 15h sozinho, sendo assim, ele vem pra Brasília num voo de 1 hora e 45 minutos de duração.
Viajar de avião sozinho com 12 anos pode! Mas só depois de pagar, além da passagem absurda de cara pra essa época do ano, mesmo comprando com toda a antecedência do mundo, uma "pequena" (e louca) taxa de R$250 por trecho. Nem f*dendo posso pensar em voo com escala - mais baratos (acredite! Eles existem do Rio até Brasilia).
Assim que ele pisar no plano piloto, a mamãe precisará estar esperando pra recebê-lo das mãos de um comissário de terra. Não é de voo, é de terra, o que pra mim faz essa taxa parecer mais louca ainda. Pra mamãe chegar de Cavalcante à Brasília ela tem 3 opções: transporte próprio, ônibus rodoviário na cidade vizinha que fica a 22km de distância ou carro de lotação. Bora morrer em mais R$100 por trecho (e por pessoa)?
O carro de lotação tem algumas peculiaridades, dentre elas, o fato de que o carro só sai uma vez por dia e por volta das 5h30 da manhã. Faz as contas comigo! O trajeto de Brasília à Cavalcante leva 4h. Se eu deixasse pra sair de casa amanhã(sábado) às 5h30, só chegaria aqui em Brasília por volta das 9h30. O único voo direto que conseguimos pro Gabriel sai do Rio às 6h15 e chega em Brasília às 8h05, ou seja, ou eu vinha hoje (sexta) ou a criança poderia ser adotada pelo comissário (de terra ou de voo, tanto faz!).
Pelo fato de chegar em Brasília 1 dia antes, eu preciso de um lugar pra dormir e, assim, vira e mexe, sempre que temos as idas e vindas minhas ou do Gabriel, eu acabo por perturbar uma de minhas queridas amigas nascidas do Clube da Escrita. A bola da vez é a Renata. Renata é dentista e, diferente de mim, é uma sujeita organizada e com emprego. Eu cheguei em Brasília um pouco antes das 10h, a Rê estava no trabalho e eu tive que bater perna pra fazer hora... Partiu shopping?
Pausa. Pqp! Não sei de onde eu tirei essa ideia. Mermão, depois que eu me embrenhei pro interior, shopping, em qualquer lugar do planeta, se transformou na sucursal de uma fabulosa fábrica de transtornos (e transtornados) mentais.
A primeira situação do dia foi observar uma enorme fila formada em frente à porta do shopping, em plena sexta feira, aguardando a sua abertura. Ok. Eu vou me esforçar pra não julgar, afinal, eu também estava lá.
Ao adentrar o recinto, dei de cara com uma big papelaria/livraria. Pronto. Me achei. Vou ficar aqui todo o tempo que eu puder e precisar. Nem preciso andar mais. Quem me conhece há um mínimo de tempo, sabe que eu sou realmente tarada por artigos, utilidades e futilidades de papelaria. Eu sou muito capaz de passar horas dentro de uma e não levar absolutamente nada (técnica que desenvolvi depois de perder todo e qualquer dinheiro, convertendo ansiedade em compulsão). Mas a vendedora não me parecia feliz diante daquela pessoa que olhava, mexia, pegava, cheirava, testava, arrumava, guardava, pegava de novo e repetia esses movimentos infinitas vezes para cada modelo de caneta, lapiseira, borracha e afins que estavam por lá. Ela não percebeu que eu estava arrumando a loja pra ela e, em pouco tempo, sairia uma atitude grosseira... E saiu: "a senhora vai levar alguma coisa ou vai ficar só enrolando?"
Reparem bem, a loja era uma daquelas livraria enormes onde você pode andar sozinha sem precisar da ajuda de ninguém. Eu não havia pedido ajuda alguma, afinal eu sou menina grande, eu saberia pegar algo e ir no caixa se eu quisesse, eu estava arrumando a loja, mas a moça não estava curtindo a minha presença. À pergunta dela eu respondi: "fique tranquila eu estou olhando, mexendo, mas não vou levar nada não, obrigada." - em 1 segundo ela saiu de perto.
Me dei o direito de ficar mais uma meia hora por lá além das 1h30 que eu já tinha ficado até então e saí da loja carregando vento conforme prometido.
Andando alguns metros, cheguei a uma praça cheia de réplicas plásticas gigantes de dinossauros que se moviam e grunhiam, crianças barulhentas (eu amo crianças, mas nem por isso vou deixar de dizer que elas são barulhentas) e mães desesperadas com a obrigação de entreter meninos nesses insanos dias de férias escolares de inverno...
Avistei o início de uma grande guerra entre uma mãe e um filho sobre o tal do T- Rex!
- Esse não é o `T-Lex', mamãe!
- É sim, meu filho, tá escrito ali: Tiranossauro Rex!
- O "T-Lex" não tem pintas!
- Mas João, tá escrito ali, filho! A mamãe sabe ler!
- E daí? Sou eu te dosto de dinoxaulo, não é voxê!
Ponto pro João! Fiquei feliz! Adulto tem dessas manias... querem saber mais que os moleques, mas deixam os telefones nas mãos deles. A criançada passa horas assistindo vídeos no YouTube e descobrindo até a cor da cutícula do dedo mindinho do pé direito do dinossauro e a mãe quer saber mais do que ele? Ah, me poupe, mamãezinha! Vai estudar!
Um pouco mais à frente, comecei a me preocupar com minhas vestes e a ficar estarrecida com alguns dos preços que eu via pelas vitrines... Um estojo R$390, uma blusa R$999, uma sapatilha R$549, uma calça de moleton R$899. Me olhei no espelho pela terceira vez e concluí que eu realmente estava mal vestida pros padrões daquele lugar com a blusa dos Rugrats que comprei por R$2 no bazar da Casa do Aprendiz, uma calça de malha preta e um tênis branco falsi que eu maloquei do meu filho. A propósito, eu falei pra vocês que esses eram os preços da famosa temporada de Liquidação do Lápis Vermelho?
Bom, prosseguindo... E falando em lápis vermelho, é ele quem ilustrará o finalzinho dessa crônica... Uma menininha, bonitinha que só, serelepe, barulhenta e pulante, enrolava pra ir embora enquanto sua mãe tentava de tudo pra fazer com que ela levantasse do tapete, do chão, do puff, das plantas. Nada funcionava. A mamãe, de maneira lúdica, chamou:
- Olha, filha! O lápis vermelho! Vem ver o lápis, é gigante!
A menina, do jeito que estava permaneceu e nem se importou quando a mamãe apelou:
- A Bebel tá vendo, só você não vai ver.
Queridos amigos, se vocês, assim como eu, tiveram uma educação pautada na comparação e se estivessem odiando o tal do shopping com seus preços (e frequentadores) surreais, tenho certeza de que também torceriam pra que a garotinha ignorasse seu espírito competitivo, virasse pra sua mamãe sem noção e dissesse:
- f*d@-se a Bebel!!!
Eu sou Priscila Mayer e esse é um texto das Cartinhas da Pri. Se você gostou do que leu ou se você se identifica de alguma forma, clica no coraçãozinho que tem no final dessa mensagem. Assim eu fico sabendo que estou indo bem. Se preferir, também pode deixar um comentário com seus elogios, sugestões ou reclamações.
Se além de gostar, você entende que esse texto que te entretém e as minhas iniciativas são o meu trabalho e que demandam entrega e tempo de qualidade da minha parte pra garantir um conteúdo bacana, que tal considerar a possibilidade de contribuir financeiramente com qualquer valor? Faça isso através da chave PIX e-mail apriscilamayer@gmail.com
Não se acanhe, qualquer valor é muito bem vindo e me permite manter minhas ideias ativas e no mundo!
Qualquer dúvida, é só me chamar pelo Zap ou perguntar aqui embaixo.
Com carinho,
Priscila Mayer.
Tenho livros, artes autorais, revista digital e projeto de aulas gratuitas de teatro para crianças “à venda”. Bora trocar algumas dessas coisas por dinheiros?
Conheça mais do que eu escrevo nas outras seções das minhas cartinhas:
BORA ANDAR | COLUNISTA | MAMÃE E EU | RIP INSTAGRAM | TANTOS TEXTOS | VÔMITOS
Você também pode me encontrar em:
CANAL COLCHA DE RETALHOS | UMA REVISTA COLETIVA | WHATSAPP | INSTAGRAM | TELEGRAM