Olá! Está na hora de começarmos uma viagem pelo mundo da escrita que envolve nosso passado e alimenta nosso futuro.
Antes de começarmos a pegar no livro "Mãe, me conta sua história?" de Elma van Vliet, que nos servirá de base pra esse percurso, eu queria dividir dois outros assuntos que vieram à minha mente enquanto eu pensava nessa iniciativa.
Identificando que esse livro — que acompanharemos no momento presente — nos incentiva a olhar o passado — ao conhecer a história de nossas mães — e depois propondo que também nos coloquemos como escritoras, no intuito de transmitirmos essa história pro futuro, me lembrei de uma das coisas que aprendi em uma oficina ministrada pela querida artista Fabíola Morais — e que, por um acaso participei junto com a minha mãe em janeiro de 2024, quando ela esteve aqui em Cavalcante me visitando — sobre os Adinkras.
Pra quem que, como eu, ainda não conhece nada sobre o assunto, Adinkras são um conjunto de ideogramas da tradição africana. Dentre eles, em especial, o adinkra Sankofa representa a ideia de olhar para o passado, para compreender o presente e construir o futuro, simbolizando, também, a autoidentidade e a redefinição.
Nas rasas pesquisas que fiz, descobri que o Sankofa pode ser representado como um pássaro mítico com a cabeça voltada para trás, carregando um ovo no bico ou por um desenho semelhante ao símbolo do coração.
Se pensarmos bem, essa imagem mais semelhante ao coração sempre esteve muito presente nas arquiteturas urbanas. Minha infância em Pilares, no subúrbio do Rio, me traz lembranças de ver esses desenhos em grades, janelas e portões feitos por ferreiros, pessoas essas que executavam um trabalho braçal bastante delicado, dedicado e caprichoso.
Disso eu me lembro bem, mas não tenho nenhuma recordação sobre alguém ter me contado que era um símbolo africano; que os africanos que vieram escravizados fossem pessoas especializadas nas suas mais diversas profissões; que essas pessoas tinham uma história e uma vida acontecendo em seus países e que foram trazidas à força, nem quais eram essas histórias ou qualquer coisa que nos falasse sobre elas.
O pior de tudo, na minha opinião, foi que eu ainda demorei muito tempo da minha vida acreditando e nem desconfiando da historinha que aprendíamos na escola na década de 80.
É tempo de recuperar o tempo perdido, é tempo de olhar o passado para compreender a realidade presente e, só assim conseguir pensar diferente para construir o futuro que a humanidade precisa pra se manter viva.
Só dessa primeira constatação teríamos assunto para escrever por dias e mais dias e mais dias, afinal são séculos de histórias mal contadas, não?
O outro assunto que a ideia de trabalhar a partir desse livro me remeteu, é o fato de saber que, quando minha mãe estava na barriga da minha avó ela já tinha os dois ovários, o útero e todos óvulos, inclusive aquele que, ao ser fecundado, originaria o embrião que se tornaria eu...
Essa informação eu copiei de um post muito bem descrito pela ginecologista Andréa Rebello. E, como esse fato “se repetiu para trás”, com a minha avó já tendo o aparelho reprodutor dela quando ainda estava sendo gerada por sua mãe; e a minha bisavó também; e seguindo... fica meio impossível não ver o elo que nos liga às mulheres que vieram antes de nós, e pensar numa vida (presente) que não honre a nossa ancestralidade (passada), que não leve em consideração não só essas mulheres quanto as suas histórias… E, mais ainda, em como viver esse presente e não pensar no papel fundamental que temos no legado que estamos construindo e deixaremos (futuro).
Nossa caminhada vai seguir por aí, tendo essas ideias como base e, quando eu contar pra vocês em qual momento Elma van Vliet decidiu fazer esse livro, tudo fará ainda mais sentido.
A ideia é irmos com calma. Respeitando um ritmo, um tempo e buscando ampliar o contato com nossas mães, nossos filhos, umas com as outras e cada uma com si mesma.
Sejam todas as pessoas muito bem vindas a essa jornada. Meu desejo é por um espaço coletivo onde quem acompanha sinta-se à vontade para expressar o que sentir a cada passo e, no caminho, contar comigo.
Minha missão com essa proposta é passar o que está no livro e, de vez em quando, trocar umas outras provocações com que está acompanhando.
Eu também estarei "tentando" fazer minha mãe responder às perguntas do livro e participarei juntinho, com todas as minhas angústias e incômodos.
Elma van Vliet, autora do livro base desse projeto, é a criadora da coleção Tesouros de família, com títulos que se tornaram clássicos.
Apaixonada por criar livros e produtos que proporcionam momentos inesquecíveis para serem compartilhados e guardados para sempre, Elma nasceu em 1974, na Holanda, e começou seu projeto de maneira despretensiosa. Sua mensagem "Conecte, compartilhe, relembre", sobre a importância de preservar memórias, ressoou de forma gigantesca e hoje, mais de 4 milhões de pessoas em todo o mundo já usaram seus livros para registrar suas histórias de família.
"Escrevi este livro pensando em minha mãe. Quando ela adoeceu, me dei conta da quantidade de perguntas sem resposta que eu ainda tinha sobre ela, sobre quem ela havia sido no passado e sobre os sonhos que alimentou ao longo da vida.
Então percebi que eu não era a única que tinha esse tipo de pergunta.
Publicar este livro me permitiu conhecer diversas histórias engraçadas, curiosas e comoventes de mães e filhas que preencheram as suas páginas juntas e de filhos que descobriram fatos novos sobre sua família.
"Mãe, me conta a sua história?" realmente afetou a vida das pessoas, e isso fez com que ele se tornasse ainda mais especial para mim.
O meu sonho é que todas as mães possam responder a estas perguntas um dia, deixando para seus filhos algo de valor inestimável. Para que parte delas permaneça para sempre." (Elma van Vliet)
E então, bora começar?
Vou começar apresentando a minha mãe, Maria Inês.

Essa é uma foto de maio do ano passado, na última vez em que eu estive no Rio de Janeiro pra visitá-la.
Fui em maio, de surpresa, pra passar não só o seu aniversário de 69 anos, como também o dia das mães ao lado dela e do meu filho. Vi uma chamada no instagram de uma papelaria famosa lá do Rio sobre uma oficina de criatividade para mães e filhos e inscrevi nós 3. Quando chegamos por lá, era uma oficina para crianças e, assim, eu e minha mãe éramos as 2 únicas adultas participantes; de adolescente só tinha o Gabriel e o restante eram crianças bem pequenas. Nós duas nos divertimos bastante, já o Gabriel…
Esse ano talvez tenha festa de 70 anos, mas eu ainda não tenho previsão de conseguir grana pra ir ao Rio novamente… Quem sabe o destino não decide isso por mim?
E continuando com as apresentações, esse aqui embaixo é o meu moleque Gabriel.
15 anos de muito amor e levadeza, do jeitinho que eu pedi ao Papai do céu: um menino lindo, levado e saudável. Essa foto tiramos aqui em casa no dia 20/01, último dia em que estivemos juntos antes dele voltar pro Rio. Já faz um pouco mais de 3 anos que moramos distantes.
Estar distante deles dois e de todos os demais membros da minha família faz com que eu tenha ainda mais vontade de conhecer suas histórias, de inventar momentos que provoquem boas memórias e de perpetuar isso tudo. As minhas escritas e ideias criativas serão o meu legado e eu não quero deixar nenhuma pendência emocional. A vida é muito curta pra gente economizar afetos.
Na semana que vem nós vamos conhecer as partes do livro “Mãe, me conta a sua história?” e já vamos embarcar em suas primeiras provocações.
Separe um caderno novo e bacana (serve fazer um arquivo no computador também, mas um caderno vai ser bem mais especial, vai por mim!).
Te espero comigo.
Se você gostou desse ideia, clica no coraçãozinho que tem no final dessa mensagem. Assim eu fico sabendo que estou indo bem. Se preferir, também pode deixar um comentário com seus elogios, sugestões ou reclamações.
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Com carinho,
Priscila Mayer.
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